quarta-feira, 18 de julho de 2012

Árvores falsas de plástico.

É interessante ver como as coisas se desenvolvem. Há dez anos, celulares eram artigos de luxo, enormes e desajeitados. Há dez anos, Alice era viva. Há dez anos ainda passava episódios inéditos de Friends na Warner. Há dez anos ninguém tinha tablets, só havia dois Toy Story, as rádios tocavam Simple Plan e Avril Lavigne em compulsão desenfreada, e você provavelmente era uma criança.

Bem, eu era. Eu sou. Não sei.



Existe algo chamado de Síndrome de Peter Pan. Quem sofre dela, obviamente, se recusa a crescer, mantendo-se mentalmente infantil por tempo indeterminado. Certo? Certo. Então segure-se a este pensamento.

Do outro lado, temos a possibilidade de crescer. Antes há a fase da simplicidade, de simplesmente ser criança e brincar com quem estiver por perto. Nos vem a comunicação e, com a capacidade de falar, a incapacidade de se manter em silêncio.

Logo depois aprendemos a elaborar - automaticamente perdendo a capacidade de ser espontâneo. Elogiamos o garoto por ele ser o dono da bola, não por ele realmente jogar bem. Damos porque, afinal de contas, é dando que se recebe. Adulamos para sermos adulados. Arquitetamos para não sermos arquitetados.

Entra-se, então, no status quo, e a vida se encarrega de regar a planta sem vida que nos tornamos. Verdes, latifoliadas, vistosas... Enterradas num vaso sem terra. Sem um pulsar de vida. Árvores de plástico que acham estar crescendo, quando na verdade só estão deteriorando ao nadar contra o único adversário verdadeiro da eternidade: o tempo.

Certo? Certo. Então segure-se a este pensamento.

Chamam uns aos outros de infantis, "crianções" e imaturos, como se a maturidade fosse a maior dádiva de todos os tempos, e não a consequência vil de erros - e de assistir os outros errando. Talvez a velhice seja, sim, a melhor idade, mas não pelo tempo passado em si, pela "maturidade" que os anos acumularam, mas pelas vezes que se abriu mão de ser uma árvore de plástico e se decidiu ser Peter Pan; pelas vezes que mandaram o terno e a gravata para a (*cofcof*) casa do cacete e pararam para ver o mar indo e voltando; pelas vezes que se desligou o celular só para ficar se balançando na rede lendo um bom livro.

Pelas vezes que se largou as pretensões de ser adulto para, sendo criança, ser maduro.

Então traga os pensamentos de volta. Enterra-se sem terra ou se voa para a segunda estrela à direita, e reto até o amanhecer.

Sábio foi Michael Jackson.

"E se eu pudesse ser quem eu quisesse?", você se pergunta. "E se eu pudesse ser quem eu quisesse o tempo todo?"

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