quinta-feira, 12 de julho de 2012

Dois é melhor que um.

"Um mais um é igual a dois", diziam nossos professores, e parecia bem óbvio. Você tem uma maçã e ganha outra maçã, o que você tem?



Duas maçãs e uma dívida. Mas aí você tem duas maçãs e um estômago vazio, se você não fizer nada. (Você pode fazer malabarismo, o que não vai alimentar você, mas vai entreter os corações tristes que lhe acompanham num trânsito cinzento.)

O que eu quero dizer (como se eu alguma vez eu quisera dizer alguma coisa) é que nem sempre um mais um equivale a dois. Às vezes duas metades não fazem um inteiro, como quando você junta duas peças de Lego que obviamente não combinam. Às vezes é necessário ser uma metade sozinha para conseguir olhar de fora e ver como seus encaixes funcionam. Você não pode completar nada se você não sabe como se completar.

E tem toda aquela história, do pássaro na mão e os dois voando. Pessoalmente, prefiro saber o que o pássaro quer. Se o pássaro não quiser ficar no chão, eu prefiro ter os dois pássaros voando. Um pássaro preso na sua mão sufoca, se debate, se machuca, morre. Dois pássaros voando vão se reproduzir, e talvez vários outros pássaros voltem pra você (com um ramo de oliveira). Solta a droga do pássaro. Ele é um pássaro. Ele vai ser muito mais feliz voando com outro pássaro do que sendo sufocado na sua mão.

Por mais desconexo que (eu reconheço que sou) eu seja, a ideia é a mesma: de nada adianta ter duas maçãs e nenhuma vontade de comer, e de nada adianta reter um pássaro que não quer mais lhe pertencer.


São os lados opostos. Dois lados de uma moeda.


Porque, às vezes, dois é simplesmente igual à um. 


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