Eu poderia dizer que estava indo para o sul do norte, ou o norte do sul; mas a verdade seria uma: não estou indo à lugar algum.
Eu até queria falar da alegria na tristeza, da tristeza na alegria (na saúde e na doença, até que a morte finalmente os reúna), mas eu não gosto de contradições e meias palavras. Gosto de palavras inteiras, inteiramente vazias. O copo das palavras nunca está pela metade.
Eu pensei umas bobeiras interessantes e ambíguas para escrever para mostrar o quão (pseudo)intelectual eu sou, mas eu lembrei que não sei escrever. E se soubesse também, nenhuma diferença faria. (Sendo assim, já que nenhuma diferença faça, talvez eu saiba escrever, e só não tenha percebido que eu sei. De qualquer forma, em termos práticos, acabo sendo socrático: só sei que não sei. Ou nada sei. Não sei.)
Ainda assim, decidi rascunhar alguma coisa. Se é que posso chamar algo que nunca virará texto de "rascunho". Talvez ele seja um rascunho autossuficiente em si - o que lhe elevaria à categoria de "trabalho final", o que não mudaria o fato de ele ser um médico com licença falsa e jaleco comprado no Saara.
Não sei você, mas não me deixaria ser operado por um cara assim. Então não deixe minhas palavras lhe atingirem.
Mas o que você diz é o que você pensa, e o que você diz tem palavras; daí ou você as bebe e assume os efeitos colaterais ou você simplesmente finge que nada jamais foi dito. Não maleie o dito-não-dito ao seu bel prazer. O copo das palavras nunca está pela metade.
De qualquer forma, quem se importa? Nunca quis chegar à lugar nenhum.
Me atingiram
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